Profissional de resgate: conheça 3 equipamentos indispensáveis

Situações de resgate são complexas e bons equipamentos podem ajudar o trabalho do socorrista.

---

Todos os anos, equipes de resgate ao redor do mundo são responsáveis por salvar centenas de vidas que se encontram em risco.

Com certeza você já deve ter visto em noticiários, filmes ou documentários a ação incansável destes profissionais que atuam não só em áreas urbanas, mas também em regiões inóspitas onde é necessário grande perícia, equipamentos específicos e coragem para encarar situações de extremo risco.

O socorrista, resgatista ou simplesmente profissional de resgate é o responsável pelo primeiro atendimento ao indivíduo, dando a ele o suporte básico à vida, estabilizando-o enquanto aguarda a chegada do suporte avançado ou realizando a evacuação da área, caso esta ofereça perigo. Além de todo aparato médico necessário ao atendimento e conhecimento técnico, precisamos desenvolver também uma aguçada capacidade de análise da situação, bem como desenvoltura e criatividade para se reinventar, superando os mais diversos tipos de obstáculos durante as intercorrências e, só então, prestar o socorro adequado a quem necessita. Quando o assunto é ação imediata, é imprescindível a utilização de equipamentos que proporcionem agilidade ao atendimento, aumentando assim sua eficácia e obtendo segundos importantes que, durante um momento crítico, podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

Neste artigo, irei destrinchar algumas funções de três ferramentas básicas, que tenho sempre a mão e que estão presentes no checklist de qualquer resgatista. Tais equipamentos também podem ser de grande valia aos praticantes de atividades outdoor e aventureiros de plantão, atendendo como equipamento de suporte e prevenção de riscos. Por isso, deixaremos de lado – por enquanto – equipamentos mais específicos como pranchas, talas, material de alpinismo etc.

Vamos, então, às três ferramentas escolhidas!

---

1 – Lanterna

Quando falamos de resgate, devemos considerar que o local onde se é necessário chegar ou o período em que o atendimento é exigido pode não oferecer luminosidade suficiente, indispensável para o acesso e a avaliação precisa tanto do cenário quanto do quadro clínico do(s) indivíduo(s) em questão.

É de suma importância ter em mãos uma lanterna leve, versátil e confiável, que sirva tanto para busca em grutas, escombros, fendas e áreas de mata fechada com pouca luminosidade, como também para um acompanhamento adequado durante toda abordagem (um bom exemplo é a avaliação das pupilas que auxiliam – e muito – durante a composição de um diagnóstico).

Tal equipamento deve atender a alguns pré-requisitos básicos, como resistência a impacto (considerando a possibilidade de terreno irregular e queda) e à água (em caso de chuvas, travessia de rios ou trechos alagados), assim como uma autonomia razoável que permita o deslocamento seguro ao seu destino, uma avaliação minuciosa da(s) vítima(s), um período breve de permanência para assistência e cuidados médicos e, por fim, retorno seguro à base.

Caso seja inevitável uma permanência maior no local, decorrente, por exemplo, da impossibilidade de remoção da(s) vítima(s), uma boa lanterna deve ser capaz ainda de oferecer o recurso de sinalização para a equipe de suporte, dando a eles sua localização. Em casos extremos, ela pode ser ainda fragmentada, para utilização de partes como lente, corpo, fiação e baterias, cada qual com uma aplicabilidade específica em termos de sobrevivência, que poderemos discutir em um momento futuro.

As lanternas são o tipo de equipamentos onde o valor investido está ligado direta e proporcionalmente a sua autonomia, alcance e potência. Por isso, deve-se avaliar qual função ela irá desempenhar no seu dia a dia.

Uma boa dica para quem pretende adquirir um dispositivo com ótima iluminação (até 1000 lúmens, 53.500 cd) e alcance (em torno de 462 m) é a MH27UV, fabricada pela Nitecore. Esta lanterna tática impressiona pela resistência e funcionalidade. Fabricada em alumínio aeronáutico, possui uma garantia de 5 anos, confiança reforçada por sua resistência a impactos (até 1,5m de altura) e à água (até 2m de profundidade). Além de três níveis de intensidade e luz estroboscópica, possui também sinalização S.O.S, Beacon (alerta intermitente de baixo consumo para o resgate), sinalização vermelho/azul e luz ultravioleta, um item muito útil na identificação de vestígios de sangue na busca noturna por vitimas perdidas e também para um deslocamento mais seguro em campo, visualizando riscos como escorpiões, nos quais a fluorescência é realçada. Quanto à sua autonomia, mantêm-se por 1h com sua potência turbo e impressionantes 28h em seu modo de 55 lúmens. Pode parecer pouca luminosidade, mas na escuridão da mata, por exemplo, um pequeno ponto de luz pode ser vital.

---

2 – Corda

Um dos equipamentos mais simples e acessíveis tem em sua versatilidade a chave para se tornar um dos itens mais utilizados durante o resgate.

Além de viabilizar a entrada e saída de áreas de difícil acesso e garantir a segurança no transporte de acidentados, cordas e cordeletes trazem consigo outras inúmeras funções e aplicabilidades quando aliados ao conhecimento na confecção de nós.

No quesito atendimento pré-hospitalar, atendem desde a imobilização de lesões, como fraturas e entorses, contenção de hemorragias, improvisação de macas, talas e muletas, até a utilização de seus filamentos para suturas emergenciais. Além disso, podem propiciar, através da técnica adequada, a substituição paliativa de equipamentos complexos, como ascensores, descensores e assentos, dentre outros equipamentos de resgate. Vale ressaltar que para se adquirir uma corda que atenda às suas necessidades e expectativas – até mesmo para a aquisição de um “cabo solteiro” (corda de segurança curta, medindo em torno de 5 metros de comprimento e geralmente 11 ou 12 mm de espessura) – é preciso ler as especificações do manual onde haverá as instruções de utilização, carga de trabalho, ruptura, forma de armazenamento, limpeza, validade, entre outras informações indispensáveis.

As cordas não poderiam ficar de fora dos avanços da engenharia e também ganharam alguns diferenciais a mais nos últimos anos. Como representante destes avanços, temos a Corda de Sobrevivência Parapocalypse que reúne boa resistência como corda de apoio e ainda traz em seu interior filamentos de diferentes espessuras e composições, como Nano-Aramid, nylon e juta encerada.

Lembrando sempre que as cordas utilizadas para técnicas verticais (como no caso da escalada ou rapel) devem possuir a devida certificação!

---

3 – Canivete

Uma ferramenta que com certeza é unanimidade entre os resgatistas é o bom e velho canivete.

Trata-se de um item que serve como coringa em diversas ocasiões. No atendimento de emergência, por exemplo, uma boa lâmina esterilizada em mãos hábeis pode ter diversas aplicações. Também durante a intercorrência, embora hoje exista uma infinidade de modelos com incontáveis acessórios, o uso de uma lâmina confiável é capaz de fazer toda a diferença. Ela pode realizar desde um simples corte de cinto de uma vítima presa às ferragens em acidente automobilístico até a liberação de um alpinista que seja vítima de queda, preso a galhos e cordas na montanha.

Na hora de escolher esta importante ferramenta, alguns fatores são determinantes para o resgatista: sua forma compacta, leveza, segurança quanto à proteção do fio, resistência das partes articuladas, bem como de toda a sua estrutura. E por que não a presença de dois itens extremamente relevantes: uma fenda com lâmina corta cintos e ressalto metálico do tipo quebra vidros?

O canivete da CRKT de resgate M16-14ZER, possui tudo isso e mais um pouco. Leve e compacto, conta com lâmina firme (dureza: 58-59), parcialmente serrilhada para corte de estruturas mais rígidas, sistema de trava super seguro AutoLawks e cabo reforçado em FRN. Boa relação custo/benefício para um equipamento de valor intermediário (eu diria que “bem pago” para uma lâmina deste porte, com tantas funcionalidades e que dificilmente vai te deixar na mão), contudo, mais uma vez insisto que a escolha do valor investido depende da necessidade e aplicabilidade no seu cotidiano.

A esta altura do texto, talvez passe pela sua cabeça o seguinte questionamento: com todo avanço tecnológico, os itens citados acima não se tornam dispensáveis ou até mesmo obsoletos para um modus operandi de rotina?

Do ponto de vista técnico, seguramente a resposta é não. Por experiência profissional, avalio que a melhor ferramenta sempre será o conhecimento: ele nunca vai cair da sua mochila ou perder o tempo de vida útil. Quando aliamos conhecimento a estas ferramentas, conseguimos criar, assim como em uma paleta de cores essenciais, uma gama maior de nuances ou aplicações para elas, nos tornando mais versáteis.

A ideia é estar apto a utilizar desde os equipamentos mais complexos aos mais arcaicos para não ser pego de surpresa quando tal habilidade se tornar necessária.

O sucesso da equação está no equilíbrio entre o moderno, a técnica apurada e o conhecimento empírico adquirido, levando sempre em conta aquela máxima muito utilizada entre os resgatistas que diz: “Melhor ter e não precisar, do que precisar e não ter”. Por isso, esteja #SemprePreparado e não se coloque em risco para não dar crédito à famigerada lei de Murphy.