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Conheça a história do baralho e sua evolução até os dias de hoje

julho 30, 2019
Tempo de leitura 7 min

Quem realiza expedições com alguma frequência certamente leva um baralho em sua mochila. Afinal, nada melhor do que um carteado para “matar tempo” nos acampamentos, onde geralmente não podemos contar com energia elétrica, internet e outras distrações tecnológicas. Esse fiel companheiro já transformou em diversão muitos momentos que estariam fadados ao tédio. Porém, a maioria dos aventureiros não conhece a história do baralho.

Hoje, as mesmas 52 cartas distribuídas em quatro naipes são utilizadas ao redor do globo, em países de culturas e costumes totalmente distintos. Mas nem sempre foi assim. Ao longo dos séculos, o baralho teve inúmeras configurações diferentes e passou por uma série de adaptações até chegar ao formato que todos conhecemos.

Por isso, se além de apenas se entreter jogando cartas você também quer mergulhar na fascinante história do baralho e ter mais um assunto para compartilhar com seus amigos ao redor da fogueira em sua próxima expedição, basta continuar a leitura!

A história do baralho

1. Origem chinesa

A exemplo de outras contribuições culturais relevantes para humanidade, o baralho teve origem na China. Sabe-se que ele surgiu durante a dinastia Tang, entre os anos de 618 e 907, mas não é possível indicar a época em que isso aconteceu com maior precisão. Inicialmente, os baralhos eram compostos por peças produzidas em osso ou marfim. Somente quando o papel se tornou mais acessível, a partir do primeiro milênio, é que as cartas propriamente ditas começaram a ser fabricadas.

O primeiro registro histórico inequívoco da utilização do baralho do qual se tem notícia data de 1294, durante o império de Kublai Khan, quando dois chineses foram presos pela prática de jogos de azar que envolviam cartas.

Apesar de terem dimensões menores do que as atuais, com cerca de 10 cm de altura e 2,5 cm de largura, as cartas já tinham uma face neutra e outra com símbolos que eram utilizados nos jogos. O desenho de cada tipo de carta era cunhado em madeira. Pressionando-se a matriz embebida em tinta sobre pedaços de papel, obtinham-se as cartas que formavam o baralho chinês original.

2. O baralho em diferentes partes do mundo

2.1. Índia

Apesar da proximidade com a China, o baralho indiano tinha características completamente diferentes. Ele era formado por 120 cartas de formato redondo separados em dez naipes, sendo que cada um deles representava uma divindade da mitologia hindu. Tinham, portanto, uma forte conotação religiosa, ao contrário dos baralhos de outros povos.

2.2. Oriente Médio

Há controvérsias se o baralho utilizado no Oriente Médio foi uma derivação do chinês. De todo modo, foi na Pérsia, atual Irã, onde o baralho começou a ganhar os traços semelhantes aos do que usamos atualmente. As cartas eram divididas em quatro grupos, cada qual representando objetos do cotidiano: espadas, moedas, bastões e taças.

2.3. França

Durante as invasões árabes à Península Itálica, entre uma batalha e outra, os mouros se distraíam com Naib, um jogo de cartas que, aos poucos, acabou ganhando popularidade em quase toda Europa e do qual deriva a palavra “naipe”.

Porém, conforme o baralho foi sendo difundindo, recebeu traços próprios da cultura e costumes de cada povo. Regiões que hoje correspondem à Alemanha, à Suíça, à Espanha e ao Leste Europeu, por exemplo, utilizavam baralhos com quantidades de cartas e naipes totalmente diferentes entre si.

A partir do século XVI, contudo, o baralho adotado pelos franceses começou a se destacar e a servir de referência para as outras nações em razão do seu design minimalista que facilitava a fluidez dos jogos. Ele continha 52 cartas e utilizava os mesmos naipes dos árabes, mas com uma mudança de nomenclatura: as moedas viraram ouros, os bastões tornaram-se paus e as taças viraram copas, enquanto as espadas mantiveram o nome original.

Uma das poucas diferenças relevantes entre o baralho francês do século XVI e o que usamos hoje é a adoção da língua inglesa para denominar o Rei (King), a Dama (Queen) e o Valete (Jack).

2.4. Japão

Quando os navegadores portugueses chegaram ao Japão, em meados do século XVI, levaram consigo o baralho de 48 cartas que então era usado no país da Península Ibérica. Esse padrão se propagou rapidamente no território nipônico até o ano de 1633, quando o Japão rompeu abruptamente o contato com outros países. A partir de então, qualquer traço cultural estrangeiro passou a ser ilegal, o que decretou o fim da utilização do baralho português.

Contudo, o jogo já havia se incorporado de tal maneira aos hábitos japoneses, que um novo tipo de baralho foi criado. O Hanafuda é composto por 48 cartas divididas em 12 naipes, cada qual correspondendo a um dos meses do ano e representado por um tipo de flor típica do Japão. O nome Hanafuda também se refere ao jogo praticado com esse tipo de baralho.

3. O surgimento do Coringa

A carta somente foi introduzida aos baralhos nos meados do século XIX por influência de um jogo alemão chamado Euchre, derivado do Juckerspiel, no qual ela ocupava o topo da hierarquia. Imigrantes alemães que se instalaram no estado da Pensilvânia, nos EUA, acabaram levando o Euchre e, consequentemente, o Coringa para a América do Norte, onde a carta ganhou popularidade instantânea.

A inclusão do Joker (Coringa, em inglês) abriu as portas para a criação de variantes em uma infinidade de jogos e caiu no gosto dos praticantes do carteado. Os baralhos utilizados pelos soldados durante a Guerra Civil norte-americana (1861-1965) já contavam com o Coringa, e esse passou a ser o padrão da maioria dos baralhos produzidos desde então.

Vale ressaltar que o papel do Coringa varia de acordo com cada jogo. Em alguns, ele pode substituir qualquer carta; em outros, é a carta de menor valor e muitas vezes simplesmente é excluído do baralho, entre outras possibilidades.

A evolução dos jogos de cartas

Embora o baralho tenha sido usado desde o seu surgimento em jogos de azar, truques e trapaças, também têm sido uma fonte de passatempo e diversão para a humanidade há pelo menos um milênio. As cartas se tornaram uma espécie de linguagem universal, capaz de agregar pessoas de diferentes origens, crenças, costumes e classes sociais.

Desde os inocentes Rouba Monte e Mico, que aprendemos na infância, passando pelas animadas partidas de Truco, tão populares entre os universitários, até os jogos praticados nos cassinos, como Poker e Blackjack, e os jogos mais tradicionais, como Buraco e Tranca, há uma infinidade de modalidades com regras e objetivos diferentes. Sempre há um jogo ideal para cada ocasião, independentemente do local ou do número de pessoas reunidas.

E os chineses que inventaram o baralho certamente nunca imaginariam que um dia seria possível jogar cartas com adversários que estão a milhares de quilômetros de distância. Hoje, basta um computador ou um smartphone com acesso à internet e pronto! Pode não ser tão divertido quanto uma partida convencional, mas também ajuda a driblar o tédio.

Quanto a nós, brasileiros, pode-se dizer que existe uma verdadeira paixão nacional pelo baralho. Nossa natureza comunicativa e descontraída faz com que os jogos de cartas se tornem um pretexto para reunir os amigos, colocar a conversa em dia e quebrar o gelo quando necessário.

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