Quando pensamos em arco e flecha, muitas vezes nos vêm à cabeça imagens de personagens do folclore europeu medieval, como Robin Hood e Guilherme Tell.
As histórias de ambos, embasadas majoritariamente em relatos que guardam pouca ou nenhuma relação com a realidade, ajudaram a mistificar esse tipo de arma, associando-a a heróis. Esse padrão acabou sendo repetido em várias obras de ficção modernas, com diferentes tipos de arco e flecha ganhando as páginas de livros, as telas dos cinemas e os consoles de videogames.
Porém, o emprego do arco e flecha é muito mais amplo do que o relatado nesses contextos, tendo grande importância na sobrevivência e no desenvolvimento do homem ao longo dos séculos.
Neste post vamos ver como o arco e flecha surgiu e evoluiu, as variações das suas principais características e como continua sendo utilizado até os dias de hoje.
Conceito de arco e flecha
Arcos são segmentos curvados e relativamente flexíveis com duas extremidades unidas por uma corda. Nela, é apoiada a parte de trás de um projétil em forma de haste que tem uma ponta perfurante, denominada flecha. Uma vez tensionada a corda para trás, o arco é flexionado.
Assim que a corda é solta, a flecha é impulsionada com grande velocidade na direção apontada pelo arqueiro. Quanto maior a tração, maior será a distância percorrida pela flecha e a força do seu impacto.
Originalmente, arcos e flechas eram confeccionados em madeira, mas a partir da segunda metade do século XX começaram a ser fabricados com materiais sintéticos mais resistentes, leves e duráveis. Alguns deles são a fibra de carbono, a fibra de vidro e algumas ligas metálicas.
A origem do arco e flecha
Hoje, muitas pessoas são vegetarianas ou até veganas. Mas ao longo do desenvolvimento da humanidade, o consumo de carne era predominante e permitiu a prevalência do homo sapiens sobre os outros hominídeos nos primórdios da humanidade.
A proteína animal ocasionou o desenvolvimento do cérebro humano, o que teve estreita relação com a nossa capacidade de solucionar problemas práticos, transpor obstáculos, nos comunicar e nos organizar.
Obter carne para consumo era um desafio diário dos nossos antepassados. Com o tempo, o ser humano começou a perceber que a vida em grupos de várias famílias era muito mais segura.
Por isso, tornou-se ainda mais difícil encontrar alimento suficiente para todos. A melhor alternativa era caçar grandes mamíferos, como ursos e mamutes, animais que forneciam enormes quantidades de carne, além de couro e ossos para a confecção de diversos artefatos e vestimentas.
Durante muito tempo, a principal arma utilizada pelo homem nas caças foi a lança, que se resumia a uma vara de madeira com a ponta afiada. Um arremesso certeiro geralmente era suficiente para matar o animal, dependendo do tamanho e da região atingida.
Porém, quando o arremesso era mal realizado, o caçador poderia se transformar em caça num piscar de olhos. Não seria mais seguro e eficiente se houvesse um tipo de lança que pudesse ser arremessado várias vezes e de uma distância muito maior?
Foi exatamente a essa conclusão que nossos ancestrais chegaram há, pelo menos, 18 mil anos. Curiosamente, povos que habitavam diferentes partes do globo, incluindo Ásia, África e o norte da Europa, acabaram em algum momento desenvolvendo o mesmo tipo de equipamento, mesmo sem nunca terem mantido contato entre si.
O arco e flecha como instrumento bélico
Durante séculos, desde a Antiguidade até o final da Renascença, todos os grandes exércitos contavam com um pelotão de arqueiros. Em guerras campais, a tarefa desse pelotão era desestabilizar a formação inimiga, facilitando a missão dos soldados que efetivamente partiam para o combate corpo a corpo.
Pessoas de idade mais avançada e que não tinham habilidade ou força para manejar espadas e machados podiam contribuir disparando flechas a dezenas de metros de onde a ação efetivamente ocorria.
Na Idade Média, era muito comum sitiar castelos e cidades muradas, ocasião em que as flechas tinham papel importante de lado a lado. Muitas vezes, quem realizava o ataque embebia a ponta das flechas em óleo e as incendiava antes de efetuar o disparo no intuito de atear fogo às construções e obrigar a saída dos sitiados.
Esse cenário perdurou até meados do século XVII, quando a pólvora e as armas de fogo começaram a ganhar espaço nos arsenais das principais nações. Isso tornou o arco e flecha uma arma obsoleta para utilização em grandes conflitos. Contudo, continuou sendo amplamente empregado por inúmeros povos nativos, especialmente os africanos e americanos.
O arco e flecha nos dias de hoje
Embora sua utilidade como arma já não seja a mesma de outros tempos, o arco e flecha nunca deixou de ser um instrumento de caça. O fato de seu disparo praticamente não produzir ruídos — ao contrário dos rifles e espingardas — representa uma enorme vantagem em relação às armas de fogo.
O homem desenvolveu uma grande variedade de pontas de flechas para serem utilizadas de acordo com o animal a ser caçado:
- pontas cegas servem para atordoar o animal, sem causar dano à sua pelagem;
- pontas pesadas, equipadas com pequenas hastes, são usadas para a pesca, garantindo a manutenção da velocidade na entrada da água e a fixação no corpo do peixe, evitando que ele se desprenda e escape;
- pontas com lâminas afiadas, geralmente em forma de cruz, são adequadas para caçar animais de grande porte, pois causam graves ferimentos internos.
No contexto lúdico, há muitos séculos a prática de arco e flecha segue sendo uma atividade de lazer que pode ser desenvolvida por pessoas de ambos os sexos, abrangendo uma faixa etária muito ampla. Desde 1900, o tiro com arco é uma modalidade esportiva olímpica que exige extrema concentração, perícia e infindáveis horas de treino.
Tipos de arco e flecha
De maneira geral, os arcos podem ser divididos em duas grandes categorias: recurvos e compostos. Os recurvos têm o mesmo sistema de funcionamento utilizado desde os tempos mais remotos.
Neles, a tração da corda provoca a flexão do arco e produz o empuxo necessário para realizar o disparo. É preciso fazer força para tracionar a corda, o que acaba interferindo na precisão do tiro, principalmente quando são realizados vários disparos seguidos.
Já os arcos compostos são equipados com duas polias, uma em cada extremidade, pelas quais passa a corda. O sistema de polias reduz significativamente a quantidade de força necessária para tensionar a corda, possibilitando que o arqueiro se concentre exclusivamente em mirar o alvo e gera disparos mais precisos.
Felizmente, há muito tempo não precisamos mais usar nenhum dos tipos de arco e flecha para lidar com animais selvagens perigosos e muito menos para atacar inimigos. Temos o privilégio de usar esse equipamento para aliviar o estresse e como fonte de diversão.
Você já teve a oportunidade de praticar tiro com arco alguma vez? Deixe um comentário contando como foi a sua experiência. Em caso negativo, conte como surgiu o seu interesse por esse tipo de atividade!
4 Comentários
Pratico e ensino quase todos os dias! É super divertido! Muito legal o texto! Fico à disposição do Portal Crosster para colaborar com textos sobre arco e flecha!
Olá Helder!
Agradecemos seu feedback e comentário! Precisando, entramos em contato 😉
Atenciosamente,
Equipe Crosster
Nunca pratiquei.
Me veio a cabeça quando estava na roça de meu pai. E peguei uma vareta na mão e pensei como seria bom aprender.
Agora estou aqui pesquisando para saber mais sobre arcos e flechas.
Publicação fantástica.
Tenho 2 recursos. Atirei bastante.
Tenho curiosidade nos arcos compostos que nunca lancei.