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Sessão história: espadas e armas antigas que marcaram épocas

março 20, 2019
Tempo de leitura 10 min

Atualmente, os chefes de Estado das principais potências do planeta têm poderio bélico e tecnologia suficientes para mandar seus inimigos pelos ares com o simples pressionar de um botão. Mas antes disso, durante milênios, praticamente todos os confrontos exigiam o embate corpo a corpo e envolviam sangue e suor.

As espadas e armas antigas representam um sólido elo com o passado, com acontecimentos que cunharam a trajetória da humanidade até o estágio atual e com personalidades que marcaram seus nomes na história.

Portanto, não é exagero afirmar que podemos contar boa parte da história da humanidade por meio das espadas e armas antigas. E é exatamente isso o que faremos neste conteúdo: visitar diferentes épocas e conhecer a importância que esses artefatos tiveram em cada uma delas. Confira!

O legado das espadas e armas para a humanidade

Graças à lâmina comprida, capaz de ferir o adversário mantendo uma distância relativamente segura, as espadas foram as armas mais importantes no arsenal dos povos que precisaram organizar exércitos para se defender de agressores externos ou conquistar novos territórios.

Além disso, também têm sua imagem associada à ideia de força, poder e justiça, razão pela qual permanecem tão presentes no cenário da cultura popular do século XXI e ainda são exibidas por soldados ao redor do planeta em cerimônias e datas festivas.

A história de 10 espadas e armas antigas

1. Espada Celta

O povo Celta prosperou durante muito tempo e sobre um extenso território europeu. Originado no século VIII A.C., na região que hoje corresponde à Áustria, expandiu seus horizontes por grande parte do continente, incluindo as ilhas que atualmente integram a Grã-Bretanha.

Um dos motivos pelos quais os Celtas tiveram tanto sucesso foi o domínio da arte de forjar espadas da melhor qualidade. Enquanto outras tribos utilizavam o cobre, eles começaram a utilizar o ferro. Posteriormente, adicionaram carvão no processo de fundição do metal.

O carbono ajudava a produzir uma liga mais resistente, com a qual eram produzidas espadas que raramente quebravam durante os combates, se deformavam com menos frequência e não exigiam tanta manutenção.

A espada Celta tinha uma lâmina longa, com fio em ambos os lados, e ponta afiada, pronta para cortar e perfurar os inimigos. Seu cabo era feito com materiais orgânicos, como madeira, ossos ou o chifre de algum animal.

Mas, com o passar do tempo, ficou claro que usar um cabo de metal era muito mais confiável. Foi empunhando uma espada como essa que Breno, chefe de uma das tribos dos Celtas, liderou a invasão à Roma no começo do século IV A.C.

2. Gládio romano

Durante 400 anos o Império Romano dominou as porções ocidentais e orientais da Europa, além do norte da África e boa parte do Oriente Médio, de maneira ininterrupta. Como os legionários eram obrigados a se deslocar por milhares de quilômetros a pé, foi necessário desenvolver uma arma leve e ao mesmo tempo eficiente em combate.

Assim surgiu o gládio, uma espada de lâmina curta (aproximadamente 60 cm), com fio em ambos os lados que proporcionavam boa capacidade de corte, mas concebida para perfurar.

O processo de forja dos gládios era realizado em fornos com carvão e repetido diversas vezes para eliminar as impurezas contidas no ferro. A adição de carbono produzia lâminas de aço muito resistentes para os padrões da época, o que era conveniente para as legiões que passavam anos longe de Roma.

O vasto e longo domínio do Império Romano tornou o gládio uma das armas mais populares na história da humanidade. Não somente por ser usada por centenas de milhares de soldados romanos, mas também pelos gladiadores nos circos espalhados por toda Europa que atraíam públicos enormes a cada apresentação.

3. Xiphos

A civilização grega foi, sem dúvida, uma das mais desenvolvidas na Antiguidade. Afinal, produziu vários traços artísticos, culturais e arquitetônicos que permanecem presentes em nosso cotidiano até hoje.

Embora os gregos sejam mais lembrados por sua rica mitologia, estudos filosóficos e científicos, nenhuma dessas frentes teria se desenvolvido sem muito derramamento de sangue, batalhas épicas e rivalidades centenárias com povos vizinhos.

Um guerreiro grego costumava se apresentar para as batalhas com o seguinte equipamento: uma lança, que era a sua arma primária, um escudo e uma espada curta, xiphos, com lâmina de aproximadamente 60 cm portada em uma bainha sob o braço esquerdo.

Após arremessar a lança na direção do inimigo, ele partia para o combate corpo a corpo utilizando a xiphos. A popularidade dessa arma em determinado momento foi tão grande que Homero chegou a utilizar xiphos como sinônimo de espada em diversas de suas obras.

A exemplo do gládio romano, a xiphos também tinha fio nos dois lados da lâmina e uma ponta bastante afiada. Era leve e manuseada com apenas uma mão, possibilitando que o guerreiro usasse a outra para se proteger com o escudo.

4. Makhaira

Esse tipo de espada foi muito utilizado não somente pelos gregos, mas também pelos persas e outras civilizações antigas que ocuparam a região do Mar Egeu. A makhaira tinha como principal finalidade o corte.

Tinha fio em apenas um lado da lâmina, bem mais comprida do que a da xiphos. Seu desenho côncavo na extremidade proporcionava o balanço ideal para desferir golpes vigorosos sem o risco de a espada ficar presa no corpo do inimigo.

Esse tipo de espada era mais utilizado em combate por guerreiros a cavalo que atacavam os adversários de cima para baixo, aproveitando a gravidade para potencializar o dano causado pelo impacto da lâmina.

5. Durendal

Ao contrário das espadas mencionadas anteriormente, não existe nenhuma comprovação de que a Durendal tenha de fato existido. Ela teria sido a espada dada pelo Rei Carlos Magno durante a cerimônia em que o conde Rolando foi nomeado cavaleiro, na metade do século VIII.

Os feitos dos cavaleiros durante a Idade Média eram campo fértil para relatos exagerados e fantasiosos, repetidos e modificados no boca a boca. Tudo indica, portanto, que a mitologia em torno da Durendal, uma típica espada medieval, tenha sido criada dessa maneira.

Trata-se de uma espada tipicamente medieval, de duas mãos, utilizada por Rolando em diversas batalhas — especialmente contra os mouros na península Ibérica — e que teria como principal qualidade o fato de ser indestrutível.

Quando o cavaleiro foi fatalmente ferido em uma batalha no Roncevaux Pass, monte localizado na fronteira entre França e Espanha, teria se deitado sobre a espada para escondê-la dos mouros, impedindo que caísse nas mãos dos inimigos.

6. Katana

Trata-se de uma das espadas mais icônicas já produzidas pelo homem. Foi utilizada pelos samurais durante o período feudal japonês, entre o final do século XII e meados do século XIX. Sua lâmina é estreita e levemente curva no único lado em que tem fio de corte. É produzida com aço do tipo tamahagane, famoso por sua pureza e durabilidade. Por ser extremamente afiada, a katana é transportada sempre dentro da bainha e sacada apenas no momento do combate.

Essa espada é manuseada com ambas as mãos e exige muita destreza e treino por parte de quem a empunha. Sua ponta pode ser confeccionada em diferentes formatos, todos pontiagudos e com grande capacidade de perfuração para executar o golpe derradeiro.

7. Kukri

Proveniente da Índia e do Nepal, a kukri é um facão com desenho de lâmina muito particular: curta (cerca de 45 cm), com curvatura bastante acentuada e formato côncavo na extremidade próxima à ponta.

Foi criada originalmente para serviços domésticos e de agricultura, já que produz golpes poderosos capazes de cortar frutos e galhos com bastante facilidade. Contudo, sua utilidade em combate fez com que fosse adotada oficialmente pelos Gurkhas, soldados do exército nepalês. Eles costumam carregar dois facões kukris, um apenas para utilização em cerimônias e outro de serviço.

O facão kukri ganhou destaque na cultura popular a partir do final do século XIX quando foi mencionado no livro “Drácula”, de Bram Stoker. Na obra, o vampiro é degolado com um kukri utilizado por Jonathan Harker, e tem o seu coração perfurado por um golpe desferido por Quincey Morris com uma faca Bowie.

8. Alabarda

A alabarda é um tipo de lança cujo comprimento varia entre 1,80m e 2,30m. Foi muito utilizada na Europa durante os séculos XIV e XV. Ela se diferencia das lanças convencionais por ter 3 dispositivos em sua extremidade: uma ponta para perfurar, uma lâmina em formato de machado de um lado e uma espécie de gancho do outro.

É uma arma de infantaria que costumava ser manuseada exclusivamente por militares de patente mais elevada para ferir e derrubar inimigos a cavalo em batalhas campais. Também foi empregada na defesa de castelos e muralhas.

Embora não tenha mais a mesma utilidade de outras épocas, por respeito à tradição continua sendo portada por guardas de diversas forças militares, incluindo as do Vaticano.

9. Sabre

É um tipo de espada com lâmina longa e curva, com fio em apenas um dos lados e extremidade perfurante. O sabre é original da região central europeia, onde começou a ser adotado pela cavalaria do exército húngaro nos séculos XV e XVI.

Popularizou-se durante as Guerras Napoleônicas, no início do século XIX, quando foi uma das armas mais utilizadas tanto pelo exército francês quanto pelas forças coordenadas pelos ingleses.

Seguiu sendo peça importante no arsenal dos principais exércitos até a 1ª Grande Guerra Mundial, passando gradualmente a ser empregada somente em cerimoniais a partir da década de 1920.

10. Falx

Na Antiguidade, a região a oeste do Mar Negro (hoje corresponde à Romênia) era ocupada pelos Dácios.

Além de estarem cercados por outros povos da Europa Central, como os Germânicos e os Celtas — e com os quais mantinham uma relação de constante tensão — os Dácios também entraram em conflito com todas as principais civilizações daquele período, incluindo Persas, Gregos e o Império Romano. Assim, também foram obrigados a desenvolver suas próprias armas.

Uma delas, tida como a mais temida pelos seus adversários, era a espada falx, termo derivado do latim que significa “gancho”. Ela tinha uma lâmina com aproximadamente um metro de comprimento, concebida para ser empunhada com ambas as mãos, e uma curvatura bastante acentuada na extremidade próxima à ponta que de fato lembrava o formato de um gancho.

A falx tinha fio somente em um lado, no interior da curvatura, fazendo com que os seus golpes produzissem um efeito devastador nos inimigos. Além disso, tinha duas desvantagens: não permitia que o guerreiro se protegesse com um escudo e muitas vezes sua lâmina não se soltava facilmente do alvo atingido.

Hoje em dia, felizmente, nenhuma dessas espadas e armas antigas precisa ser colocada em prática, restando apenas a parte mais interessante de cada uma delas: suas origens e os contextos nos quais ganharam notoriedade. Ao conhecer e preservar a história de cada uma delas, quem coleciona itens desse tipo torna o seu acervo ainda mais rico e repleto de significado.

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